Alder Júlio Ferreira Calado
Toda época comporta bem e mal
Igualmente, assim foi Idade Média
Sendo um tempo marcado por tragédia
A comédia de então foi genial
De Boccaccio e de Dante com o aval
Se o tempo plantou tanta tragédia
A que vários respondem por comédias
Afrontando até mesmo seus infernos
É injusta a leitura de Modernos
Que só trevas imputa à Idade Média
Todo tempo tem trevas e tem luz
Medievo também não foge a tal
No contexto de hoje é por igual
Negar isto a cegueira só conduz
Eis por que protestar aqui me pus
Pois convém da Razão tomar a rédea
Para tanto serviu a enciclopédia
Não somente nos outros há infernos
É injusta a leitura de Modernos
Que só trevas imputa à Idade Média
Se não foi o medievo, qual Nascente?
Em que fonte beberam os geniais?
Shakespeare, Cervantes e outros mais...
O Honoré de Balzac, bem mais à frente
Seja Dante ou Boccaccio, provavelmente…
Da Razão nos convém tomar a rédea
Indo além de postura apenas média
Primavera existe, não só inverno
É injusta a leitura de modernos
Que só trevas imputa à Idade Média
Relevante é ainda registrar
Que vem antes da época século 10
Medievo também conquistas fez
Reforçando seu caráter exemplar
Como nunca, se deve averiguar
Superando visão só de tragédia
Que traria uma leitura intermédia
Na ciência não há olhar eterno
É injusta a leitura de Modernos
Que só trevas imputa a idade média
Dos Copistas louvamos o trabalho:
Garantiram a guarda dos escritos
Ressoando alegre, tristes gritos
Mesmo tendo, um ou outro, algo falho
Dá mais fina história são retalhos
Sinais fortes atestam de tragédia
E nas quais traço existe de comédia
Elementos ditosos, bons e ternos
É injusta a leitura de modernos
Que só trevas imputa a idade média
Os exemplos de arte refinada
Quer nas letras, nas plásticas, culinária
No universo icônico, luminárias
Na cerveja e em outras empreitadas
Posição deste tempo é destacada
Tão propícia a vencer qualquer acédia
Resultando uma bela enciclopédia
Traz sementes eivadas do eterno
É injusta a leitura de modernos
Que só Trevas imputa a idade média
Eis um tempo de guerra, também de paz
De Francisco de Assis e os Goliardos
As Beguinas, Heloíse e Abelardo
Preciosos tesouros, sempre mais
E da Fiori, Dolcino, gente capaz
Tempo místico, crédulo, de inédia
Também farto em conto, tragicomédia
Marguerite Porete - amor eterno
É injusta a leitura de modernos
Que só trevas imputa a idade média
João Pessoa, 27 de Maio de 2020