Rolando Lazarte
Tempos estranhos estes
Nem sei se tão estranhos quanto outros tempos
Tempo de não termos tempo para nada
Embora possamos ter todo o tempo do mundo
O instante parece que se nos escapa
Acuado por medos e hiperinformação
Sobredose de tudo ou falta de quase tudo
Menos a sensibilidade que nos lembra
Que somos águas
Chuvas que passam
Rios que seguem
Vento que vai e vem sobre o mar
E uma voz antiga sussurra
É agora, este minuto, esse rosto, essa voz, esse amor
Essa mão, essa luz que te guia desde dentro e ao redor
Acatando a nossa humanidade venceremos, talvez
Ou com certeza
A insânia de um sistema que vive da morte
A imperfeição que nos lembra que somos criaturas nas mãos de Deus
Um Deus que nos quis e nos quer irmãos, irmãs
Mutirão de afetos na direção da terra prometida
O próprio coração
Recuperar a inocência do tempo eterno que nos habita e rodeia
Tudo isto já passou e continuará a passar.
O que não passa é o amor que nos habita e contém.