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UMA LEMBRANÇA QUE AINDA QUEIMA e UMA DESGRAÇA QUE NOS INVADE 

Romero Venâncio (UFS)
 
Havia internamente na Igreja católica no Brasil nos anos 80 o "burburinho" contra a teologia da libertação. Sempre se falava em "exageros" (políticos, em geral). Sempre se dizia a boca miúda que o Papa João Paulo II e seu Cardeal Ratzinger não gostavam e estavam agindo de maneira pragmática para enterrar na Igreja essa "forma de teologia". Escutava muito essas coisas. A Teologia da libertação que conhci tinha muito de figuras como René Guerre, Arturo Paoli, Segundo Galilea, o monge João Batista, frei Aloísio Fragoso, Irmã Agostinha Vieira de Melo, Irmã Ione Buyst, pe. Geraldo Leite ou Pe. Reginaldo Veloso...
 
Pregadores de retiros, pessoas provocadoras em suas orações e liturgias e profundamente ligados a Igreja. Adaptações litúrgicas, meditações bíblicas, Ofícios divinos de comunidades ou mártires, etc. Gente simples e de modos discretos e sempre orientados pela vida popular. A ideia de que "ninguém se salva sozinho, mas nos salvamos em comunão" - escutei muito... Logo após a publicação e divulgação do documento "Instrução sobre a liberdade cristã e a libertação" assinado pelo então Cardeal Ratzinger, vi desancar uma chuva de criticas à teologia da libertação em tudo. Agora, legitimados pela teologia de um grande teólogo e cardeal. Lembro de um desses bispos arrumadinhos falando das vestes de padres e religiosos e ainda dizendo que era de mal gosto e contra testemunho. Esses religisos criticados pelo bispo vestiam roupas e calçados modestos. Na teologia da libertação ninguém rezava, só se falava em lutas, pobres, fome, educação popular... 
 
Os religiosos que queriam um motivo para justificar sua ira e ódio a teologia da libertação tinham agora no documento cardinalício seu álibi. Essa gente tomou conta da igreja com suas orações de cura e libertação espiritual; com suas igrejas ricas, com sua bajulação às oligarquias locais para receber seus benefícios mensais, suas batinas arrumadas, seu discurso empolado e suas manias de classe média covarde e fetichista. Acusavam Pedro Casaldáliga de viver num "muquifo" enquanto eles buscavam os "palácios episcopais" para viverem o que mereciam. Deram a Igreja no Brasil esse perfil de classe média com seu discurso sacramentalista. Aceitaram as regras de Olavo de Carvalho, pe. Paulo Ricardo et caterva. O resultado já estamos vendo e engolindo amargamente. Padre de academia, padre de rodeio, padre da rede globo, padre das saunas, padres dos louvores das madrugadas inúteis, padres medíocres, padres bobocas e infantilizados... 
 
E depois se perguntam e choram as pitangas de porque tanta gente deixar o catolicismo... Deve ser por culpa da teologia da libertação, né!!!. Imaginação fértil desses senhores. Essa gente tão piedosa e "boquinhas de hóstias" mergulhada nos seus escândalos morais e tantos outros que sabemos bem... Escandalizados com "sinodalidade" e "neutros" perante a fome ou o horror vividos por pobres no Brasil ou por palestinos (vários católicos, inclusive na faixa de Gaza). Que testemunho deixa essa turma. 
 
 

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