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DEUS É JOVEM

padre Hermínio Canova

 

 

Refletindo sobre o compromisso da Páscoa, mais de 300 jovens, de diferentes comunidades, realizaram um encontro de uma jornada inteira em Curimataú.

Curimataú é uma vila rural, um distrito, com aproximadamente 800 habitantes; comunidade do interior mesmo, longe do centro urbano de Pilar (PB) e da Br 230.

“Curimataú” é uma palavra do idioma indígena dos Cariris que quer dizer “rio navegável”; hoje o rio Curimataú, como muitos outros rios da nossa região, está praticamente “morto”.

Era um antigo povoado cercado de fazendas e as famílias viviam na total dependência e sob a opressão dos fazendeiros. Hoje, com os novos tempos, os agricultores plantam nas terras vizinhas de Campo Grande, outros trabalham em João Pessoa, os jovens estudam em Pilar ou em João Pessoa na universidade. Tem um Colégio para as crianças e um Posto de Saúde, onde atende uma médica cubana.

Os agricultores das comunidades agrícolas da região estão se preparando para celebrar a Festa da Colheita, em Setembro, aqui mesmo em Curimataú.

A “Páscoa Jovem” teve como tema “a nossa ação para construirmos um mundo de igualdade e de paz”. Os jovens refletiram sobre isso em longos momentos de silêncio e de oração, escutaram vários testemunhos, leram a Palavra de Deus. Foram lembrados o ex-presidente Lula que combateu a fome e a desigualdade e que, naquele dia 8 de abril, estava sendo conduzido para a prisão ( ! ) e Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, afrodescendente, moradora de favela e lutadora em favor dos direitos das minorias e dos excluídos, assassinada no mês passado.

Arte e beleza apareceram nas várias encenações, sobre o tema, que alguns dos 15 grupos jovens presentes fizeram com seriedade e capricho; foram momentos de música, expressões corporais, dança e ritmo, com forte apelo à fé cristã.

Olhando para estes jovens com carinho e respeito, juventude alegre e inteligente, aparece com grande destaque e evidência a beleza física destas moças e destes moços; percebe-se também a beleza espiritual desta juventude. Os corpos “falam”, são linguagem, comunicam mensagens de vida. A perfeição corporal e a riqueza espiritual remetem a Deus criador da vida; é isso que nos leva a afirmar que “Deus é jovem”, novo mesmo.

 

Deus é jovem, é beleza, é amor, é dança, é arte criadora.

A cruz foi um dos símbolos do encontro, enfeitada com flores e panos coloridos. Na Páscoa “a cruz se torna luz”. Lugar de sofrimento e morte, em Cristo a cruz se torna salvação, luz, festa de libertação. Os jovens, antes da celebração final, carregaram esta cruz/luz em caminhada pelas ruas da vila, cantando e tocando músicas.

Estes jovens surpreendem a nós todos, adultos e acompanhantes. Eles querem momentos de encontro, de sociabilidade e de festa comunitária; buscam uma espiritualidade que dê sentido à vida, hoje para eles complicada e com um futuro incerto. Não uma espiritualidade do intimismo individual, espiritualidade vazia porque sem compromisso com a realidade social e humana, politicamente conservadora e alienante, mas uma espiritualidade de cunho evangêlico que leva ao compromisso, às vezes radical como os jovens gostam, de fé, de vida fraterna e de doação no amor.

Os jovens lutam por mais igualdade, sobretudo pela igualdade de gênero, por uma vida sem discriminação e preconceito, sem machismo e autoritarismo. Querem pôr um fim a tanta violência e droga que destroem vidas e sonhos no meio dos próprios jovens e nas nossas comunidades.

Os jovens gostam de Jesus, escutam sua voz, aprendem d´Ele como amigo e mestre.

Então fica para nós, adultos e assessores, o compromisso de oferecermos sempre a estes jovens momentos de formação humana, de espiritualidade e de reflexão política, para ajudá-los a serem cidadãos conscientes, testemunhas e construtores do Reino de Deus nos tempos de hoje.

Muitos jovens estão fora da Igreja, ou participam pouco; muitos já “pularam a cerca” da Igreja ou melhor nunca entraram nela de fato. A missão da Igreja é “sair”, ir ao encontro deles e escutá-los.

Notamos que no encontro de Curimataú havia jovens “na porta”; nós os consideramos “afastados”, mas dava a impressão que eles eram atentos e que se sentiam “atraídos” pela beleza e seriedade do encontro.

E agora jovem José e agora jovem Maria ?

 

 

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