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Evangelho não é religião

Eduardo Hoornaert

 

Hoje, estamos longe de perceber as reais dimensões do que acontece com o cristianismo. Há uma complexidade, um entrelaçamento de dados do passado com perspectivas do futuro, que dificulta a clareza. Percebemos com dificuldade o que está acontecendo porque estamos metidos em meio de uma movimentação que excede de longe o limitado momento de nossas vidas e nossa capacidade de observação. Frequentemente reagimos mais com a emoção que com a razão.

Mas navegamos em alto mar. Não é hora de abandonar a travessia, voltar à terra firme do passado, refugiar-se em convicções que não funcionam mais. Navegar e preciso (Fernando Pessoa). Os tempos são incertos e não sabemos bem para onde o barco nos leva. Difícil interpretar muitas coisas que hoje acontecem. Mais difícil ainda responder aos desafios que se apresentam. Nestas horas, encontrar um bom timoneiro é um privilégio. Encontrar um intelectual autêntico, lúcido, crítico e comprometido com as causas dos desafortunados, a não deixar o barco à deriva.

 

Nestas páginas escrevo umas considerações que decorrem de meu privilégio de ter convivido com alguém que considero um teólogo ‘timoneiro’: José Comblin.

Vivemos juntos por diversos anos. Entre 1965 e 1972, éramos professores no Instituto de Teologia de Recife (ITER) e morávamos juntos numa ampla casa colonial em Olinda, Pernambuco, no antigo Palácio Episcopal. Meu quarto frente ao dele. Nesse convívio, aprendi muito com ele e, em seguida, acompanhei atentamente sua vida ulterior. Assim percebi, mais tarde, a novidade trazida com seu livro O Tempo de ação, publicado em 1982 pela Editora Vozes. Aí ele proclamou o que seria em seguida o ‘slogan’ de sua vida: ‘não falar, agir’. Esse livro foi seguido por uma lista de ensaios que apontavam a mesma direção: A força da palavra em 1986, Cristãos rumo ao século XXI em 1996, Vocação para a liberdade em 1998, O povo de Deus em 2002, O Caminho em 2004, A vida em busca da liberdade em 2007, A profecia na igreja em 2008, e finalmente, postumamente, O Espírito Santo e a Tradição de Jesus, em 2012.

 

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Uma frase lapidar.

 

Outro momento importante foi o dia 18 de março de 2010, apenas um ano antes de sua morte. Numa conferência no auditório da Universidade Católica (UCA), na cidade de San Salvador, capital de El Salvador, por ocasião do trigésimo aniversário do martírio de Monsenhor Romero, José solta uma breve frase: evangelho não é religião. A um público entristecido pela política reinante em seu país e pela oposição do Vaticano, José exclama: ‘Evangelho não é religião. A evolução política e religiosa pode nos deixar tristes, o evangelho nunca!’.

Estamos diante da proclamação de um método. Por meio dele, temos mais facilidade em compreender o que acontece conosco e em nosso redor, em termos de vivência do cristianismo. Um método, que traz clareza onde muitos se perdem na confusão, escancara portas longamente fechadas, abre horizontes de reflexão e ação, provoca uma reviravolta no modo de se pensar a fé.

A novidade da citada frase consiste em constatar que a tradição de Jesus se desdobra em duas tradições entrelaçadas: a evangélica e a religiosa, a primeira expressando a vinda de Deus ao homem, a segunda a procura de Deus pelo homem.  Enxergar a diferença facilita ver claro no complexo tecido da herança cristã, feita do entrelaçamento de múltiplas tradições, frequentemente contraditórias.

Apresento, em seguida, o modo em que José Comblin destrincha as duas tradições, e nisso me baseio em citações de seu último livro, editado após sua morte, intitulado O Espírito Santo e a Tradição de Jesus (Nhanduti Editora, São Bernardo do Campo, 2012).

 

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A tradição evangélica.

 

A melhor imagem, impactante, forte, da tradição evangélica se encontra no Apocalipse de João. Deus bate na porta: Já estou chegando e batendo à porta. Quem ouvir minha voz e abrir a porta, eu entro em sua casa (Apocalipse, 3, 20). Deus quer entrar em contato com o homem, mas aguarda na porta, pois respeita a liberdade de sua criatura. Enxerga, inclusive, a possibilidade de não sei atendido, como adverte o teólogo uruguaio Juan Luís Segundo: se ninguém abrir, Deus aceita a derrota sabendo que sua criação fracassou. Deus criou um mundo que podia fracassar. 

Dou alguns textos, tirados do referido livro, em que José expressa essa vinda de Deus: A vinda (de Deus) é única, permanente, sempre a mesma dentro de contextos muito diferentes. Como é que Deus vem? Eis o objeto de uma teologia cristã, que é a história das manifestações da vinda de Deus. E ainda: Deus pode vir em muitos seres humanos que nem o sabem. Acontece também, e com frequência, que Deus fica diante de portas fechadas.

A experiência de Jesus e dos profetas de Israel não constitui a única revelação de Deus. Há múltiplas experiências, no tempo e no espaço, todas marcadas pela fragilidade congênita de empreendimentos humanos e pela sempre presente possibilidade de fracasso. Se Mestre Comblin se concentra na experiência de Jesus na Palestina, é porque ela originou a tradição à qual ele pertence. Mas ela não escapa da precariedade e provisoriedade de tudo que é humano. Assim, por exemplo, Jesus, pelo que consta no Evangelho de Marcos, pensou que a chegada do Reino de Deus vitorioso fosse iminente: Alguns que estão aqui não morrerão sem ter visto o Reino de Deus chegar com poder (Mc 9, 1).  Paulo diz mais ou menos o mesmo: Nós, que ficamos vivos até a vinda do Senhor, não precederemos os mortos (1Ts 4, 15). 

Além disso, como lembra José, o tempo da origem da tradição (cristã) é muito curto. Ele se refere aqui à tradição originada em Jesus, que só atuou três anos (aqui, José traça uma comparação com Dom Romero de El Salvador, cujo tempo de atuação profética foi igualmente muito curto). A experiência de Paulo foi igualmente de curta duração, mas mesmo assim possibilitou dois entrosamentos fundamentais: com a cultura dos judeus (relatado em 1 Tessalonicenses e Gálatas) e com a dos gregos ( relatado em 1 e 2 Coríntios). Lampejos de Deus vindo ao homem, breves, mas incisivos, marcam a história dos dois mil anos de cristianismo: Estêvão, Inácio de Antioquia, Justino, Policarpo, Felicidade e Perpétua, Evágrio Póntico, João Crisóstomo, João Cassiano, Gregório de Nissa, Máximo Confessor, Patrício, Bonifácio, Bento, Odon, Odilon e Hugo (de Cluny), Bernardo, Bruno, Francisco de Assis, Domingos de Gusmão, Tomás a Kempis, Inácio de Loyola, Vicente de Paula, Bartolomeu de las Casas, Romero, Helder Camara, etc. Dessa longa lista, José costuma realçar quatro nomes: Francisco, Domingos, Inácio e Vicente. Homens de ampla influência ao dar origem, respectivamente, a franciscanos, dominicanos, jesuítas e lazaristas.  A amplitude da abordagem deixa a porta aberta para experiências fora da tradição cristã ocidental. Por exemplo, para experiências na tradição budista, na confucionista, na islâmica, na ioruba, na tradição de Ajuricaba, na tradição de Zumbi, na tradição de Antônio Conselheiro, de Ibiapina, etc.

Concluo com duas citações mais longas: A teologia cristã é a história das manifestações da vinda de Deus. São fatos reais, fatos vividos. Esses fatos falam mais que qualquer filosofia ou sistema de conceitos. No passado, sobretudo desde o século XIII, deu-se muita importância à teologia escrita, pensada em forma de filosofia com os recursos da filosofia. Essa teologia pode ter seu valor, mas não é o anúncio do evangelho, não mostra a vinda de Deus na realidade humana. A consequência dessa teologia foi o desenvolvimento do magistério da igreja. Deu-se cada vez mais importância ao estudo da doutrina. Mas o magistério não é anúncio do evangelho. Esse anúncio se faz por meio de uma vida vivida no mundo real. A doutrina não mostra a vinda de Deus. O magistério não mostra a vinda de Deus. Mostrar é viver, não falar.

E ainda: Trata-se de compreender o cristianismo dentro da conjuntura atual. O contexto me obriga a partir da distinção entre o evangelho e a religião cristã ou católica. A teologia tradicional não parte dessa distinção, porque na cristandade tudo estava confundido. Não se buscava a distinção entre o que procede de Deus e o que procede dos homens. O que procede de Deus é sua vinda à humanidade. Deus vem! Essa vinda é única, permanente, sempre a mesma dentro de contextos muito diferentes. Como é que Deus vem? Eis o objeto de uma teologia cristã.

 

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A tradição religiosa.

 

Mestre Comblin prossegue: Acontece que a vinda de Deus é anunciada pela igreja dentro do contexto de uma religião, naturalmente feita pelos homens. A religião são os homens buscando a Deus... Daí deriva uma série interminável de ambiguidades. A religião varia porque a humanidade muda e toda cultura humana muda. Nosso atual imaginário religioso é, em grande parte, herdeiro da revolução neolítica, milhares e milhares de anos atrás (alguns dizem que o ‘tempo axial’, ocorrido entre os séculos VIII e VI aC, esgotou e que estamos diante da emergência de um novo ‘tempo axial’, mas isso é outra conversa). Naquele tempo longínquo, a religião acompanhou mudanças na economia e hoje se repete o mesmo processo, em novas circunstâncias. Muita gente, hoje, que se imagina estar abandonando ‘a’ religião, na realidade está abandonando uma determinada herança religiosa.

Quem tiver coragem de mergulhar hoje na tradição religiosa do cristianismo, tem de saber nadar, pois aparecem correntes contraditórias.  Quem se aventura a nadar naquelas águas, naquelas pesquisas, vai ver que há muita contradição na história do cristianismo. Como se criou, por exemplo, ao longo daquela tradição, a poderosa imagem de uma Maria acolhedora e intercessora? Isso não teria nada a ver com a manutenção da imagem de um Deus ‘justiceiro’, o Deus do último juízo? Como entender que o Credo de Niceia optou por contradizer manifestamente o Evangelho de João ao proclamar Jesus Filho ‘igual’ ao Pai? Pois a maioria dos Padres Conciliares condenou Ario, embora esse se baseasse no Evangelho de João 14, 28, onde Jesus diz explicitamente: o Pai é maior que eu. Como entender a ‘criação’ do purgatório no século XI? E o ‘limbo’ de crianças não batizadas, séculos antes? Agostinho jogara criaturas inocentes no inferno, por nascerem com o ‘pecado original’.

Como enxergar veredas evangélicas nessas densas florestas religiosas? Como destrinchar tantos fios entrelaçados, andar por tantos meandros? E como tratar de tudo isso de forma inteligível a pessoas não eruditas?

Nesse ponto, José é taxativo. Ele escreve que uma teologia cristã nem sempre existiu. Ela aparece no século XIII, ou seja, bastante tarde. Nos inícios, os discípulos de Jesus se orientavam por meio da leitura de textos bíblicos. Acontece que, com o contato com a espiritualidade helenística da época, apareceu, já no século II, a ‘gnose’, uma mística de muito sucesso que tratou de perscrutar os mistérios que as religiões carregam consigo. No início do século III, alguns cristãos, como Clemente de Alexandria e Orígenes, praticam uma gnose cristã de grande valor. Mas surge ao mesmo tempo uma gnose que reduz a humanidade de Jesus à natureza, sem história. Não se evoca o que Jesus fez, mas como revelou a sua divindade na terra. Com isso nasce o culto a Jesus como Deus. O acento cai na adoração, não no seguimento. Não se entende mais a encarnação, que perde seu significado, como se evidencia no Símbolo dos Apóstolos (de Niceia, 325), onde só se menciona o nascimento de Jesus da Virgem Maria e seu sofrimento sob Pôncio Pilatos. Nada se suas ações, de sua mensagem, de seu evangelho.

E as complicações continuam. No século XIII produziu-se a grande virada que esteve na origem do que hoje chamamos teologia. Descobriu-se a filosofia grega através dos árabes. E, com isso, a tendência de expressar a fé por meio de conceitos. Pela primeira vez, a Bíblia já não era a base da reflexão cristã. Pouco a pouco, a teologia foi substituindo a Bíblia. Essa teologia praticava a dedução como principal meio de conhecimento. A dedução permite aumentar o conhecimento, fazendo aparecer o que ainda estava implícito na tradição bíblica e patrística. E José acrescenta, não sem ironia: com isso, alguns teólogos puderam ter a pretensão de dizer melhor que Jesus o que ele queria dizer.

A teologia do século XIII continuou avançando na direção conceitual, no século XVI, com o aparecimento da escola de Salamanca, que continuou mostrando o homem, não como ele é, mas como pensam os filósofos que ele seja. Doravante (depois de Salamanca), não se estuda mais a Bíblia em si mesma e por si mesma, mas como fonte de argumentos para defender teses teológicas previamente enunciadas.

Estamos hoje diante de um quadro problemático em termos de teologia. Enfim, qual é o papel de uma teologia cristã? Aprimorar o conhecimento, extraindo sempre mais conhecimentos da revelação por meio da ‘dedução’, método exaltado pela teologia escolástica do século XIII? Ou voltar ao Deus de Abraão, Isaac, Jacó, o Deus de Jesus, o ‘Deus do carvoeiro’ de Blaise Pascal (1623-1662)? Ele, em seu Le Dieu des Philosophes, escreve: os argumentos metafísicos sobre Deus ficam tão distantes do raciocínio das pessoas e são tão complicados que eles causam pouco impacto. É o coração que sente Deus, não a razão.

 

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Discernimento.

 

Pascal aponta a necessidade de um discernimento. Uma coisa é ‘o Deus de Abraão, Isaac, Jacó, o Deus de Jesus’, outra - bem diferente - ‘o Deus dos filósofos’. É o coração que sente Deus, escreve ele. José comenta: esse discernimento não é fácil, pois não há uma separação rígida entre a tradição evangélica e as tradições religiosas que fazem a igreja de Jesus, mas existem claramente dois polos divergentes que estão em competição constante ao longo da história... Nasceu a igreja dessa mistura de evangelho e religião. A história da igreja é um tecido e não está isenta de uma deformação constante.

Deus não aparece de modo uniforme e ‘predeterminado’ na história, mas se revela em determinados episódios e personagens, determinadas colorações, tonalidades e intensidades. Importa saber distinguir, ou seja, descobrir tonalidades na polifonia da história. A vinda de Deus aparece com clareza em Francisco de Assis, com menor clareza no Papa Inocêncio III, que aprova oralmente a experiência do homem de Assis, mas prefere não se comprometer emitindo um texto escrito. Deus aparece claramente em João Crisóstomo, mas com menor clareza em Agostinho, etc. É nessa linha que José escreve que a teologia é um problema. E, em densas 17 páginas, ele traça em largas pinceladas as peripécias da história do pensamento cristão, sempre numa perspectiva de esclarecimento e discernimento. 

Dou um exemplo. Por minha surpresa, José não classifica Agostinho na tradição evangélica, mas na tradição religiosa. Ora, o homem, que viveu entre 354 e 430, é considerado um dos mais importantes teólogos da tradição cristã. Exerceu uma influência enorme sobre o pensamento cristão do Ocidente, ao longo de séculos e é universalmente reconhecido como um dos maiores filósofos da cultura ocidental, ao ponto de ser comparado a Platão por Leopold von Ranke (1795-1886), ‘o pai da historiografia científica’. A avaliação de José Comblin, aqui, corta que nem uma lâmina afiada: a teologia de Agostinho provoca o esquecimento da vinda de Deus, muitas vezes surpreendente, na vida humana. Não se enxerga mais essa eventualidade da vinda de Deus quando se pensa que a vida consiste em se manter em ‘estado de graça’ e evitar o pecado. Basta manter-se ‘em estado de graça’. Com todo o brilho que a envolve e o clima místico que ela evoca, a teologia de Agostinho desconhece a vinda inesperada de Deus na vida humana. Ela é ‘inoperante’. E Mestre Comblin conclui: necessitamos de uma teologia para a ação, uma teologia missionária, uma teologia que coopere para a transformação do mundo e a chegada do Reino de Deus.  

 

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Universalismo.

 

Dizer que evangelho não é religião é abrir a porta para o universalismo humano, grande novidade trazida ao mundo pelo cristianismo, como Paulo, inspirado pelo comportamento de Jesus, intuiu genialmente.

O tema merece umas palavras de comentário. Nas primeiras décadas do movimento de Jesus, os apóstolos mal percebem que o universalismo pertence ao âmago da mensagem de Jesus de Nazaré. Eles pensam que sua mensagem se restringe ao mundo judaico e não compreendem como um não judeu possa participar do movimento. Finalmente, a intuição de um ‘outsider’, o fariseu Paulo de Tarso, faz com que a afirmação do valor universal da mensagem de Jesus se divulgue pelo movimento:

 

Não há judeu nem grego

Não há servo nem livre

Não há homem nem mulher

Vocês todos são um em Jesus o Ungido (Gl 3, 28).

 

O grito de Paulo ressoa pelo mundo, até hoje. O universalismo é a verdadeira dimensão da história humana. Todas as pessoas do mundo, independentemente de sua nacionalidade, condição racial, sexual, social, cultural ou política, podem conviver na fé, esperança e amor. Só se entende cristianismo na perspectiva do universalismo.

Aqui não podemos senão admirar a postura de Paulo, cujos textos conferem forma, expressão e ampla divulgação à ideia universalista e, dessa forma, constituem a primeira literatura universalista de que a humanidade tem conhecimento. Pela primeira vez, alguém escreve explicitamente que o universalismo é a verdadeira dimensão da história humana, sua verdadeira vocação.

 

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Concluindo.

 

A enunciação do desafio cristão, contida na frase evangelho não é religião, aproxima teólogos como José Comblin de uma geração de teólogos e teólogas que emerge hoje e que, de um ou outro modo, pratica uma distinção entre evangelho e religião. Dietrich Bonhoeffer fala em viver sem Deus em Deus, John Robinson em ser honesto para com Deus (‘Honest to God’), Rudolf Bultmann em desmitologizar, Roger Lenaers em ser cristão moderno, José María Vigil em vivenciar o pluralismo religioso, José María Castillo em valorizar a humanidade de Jesus, Shelby Spong em ler os evangelhos com olhos novos, Joseph Moingt em viver segundo o espírito do cristianismo, etc. Aproximações provisórias, decerto, mas que apontam um futuro de maior clareza em termos de enunciações teológicas. Um ponto que realça o trabalho de Mestre Comblin é que ele trabalha por meio de largos painéis históricos. Assim a teologia se situa na concretude da história e desse modo facilita a comunicação popular.

 

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